domingo, 28 de março de 2010

O que faz você feliz?

Você já se fez essa pergunta alguma vez? E qual foi a resposta?
Li um artigo de Micheline Alves há uns meses atrás que me fez e vem me fazendo refletir a respeito disso constantemente, principalmente quando observo as pessoas colocarem em segundo plano coisas que são fundamentais para serem felizes, mas elas estão tão preocupadas em atenderem as cobranças que a sociedade faz, como ser bem sucedido, ter dinheiro, ter status, ser bem relacionado, entre outras coisas, e acabam se esquecendo do que realmente é importante, do que realmente faz a vida valer a pena. Afinal, o que adianta ter um belo carro e dinheiro, se você não tiver com quem fazer um passeio? O que adianta passar noites e dia trabalhando, se você não vir seus filhos crescerem, não participar da vida deles? Pode até ser tarde demais, mas em algum momento perceberemos a importância desses momentos e de situações corriqueiras, que, muitas vezes, percebemos o valor quando já perdemos a oportunidade de vive-los.
Bom, voltando ao ponto, acho que a resposta, pelo menos para a maioria das pessoas, certamente não é "ter um carro" ou "ter uma jóia".
Ser feliz é tão importante na vida das pessoas que virou um fator de peso para se medir o grau de prosperidade de um país.
O artigo que li trata-se do FIB, sigla que significa Felicidade Interna Bruta.
O FIB é um conceito que foi criado no Butão em contraponto e, como complemento, ao PIB, medida que computa apenas o desempenho econômico de uma nação, independente dos danos que afetam o bem estar da humanidade. O FIB mede o progresso levando em conta não apenas as riquezas materiais acumuladas, mas uma série de elementos que precisam ser atendidos para que uma nação seja considerada desenvolvida. Os indicadores que são considerados para a avaliação geral do FIB são: bem estar psicológico, saúde, uso equilibrado do tempo, educação, acesso à cultura, governança e padrão de vida. Leonardo Boff, teólogo que participou o ano passado da V Conferência Internacional sobre o FIB, apoia as ideias desenvolvidas no Butão: "Por traz desse projeto político funciona uma imagem multidimensional do ser humano. Ele supõe o ser humano que possui, sim, fome de pão, como todos os seres vivos, mas principalmente de coisas que não podem ser compradas no mercado ou na bolsa."

A antropóloga e psicóloga, Susan Andrews, afirma que o mundo está se dando conta que o sonho americano era falso, ilusório, e hoje, busca alternativas ao "more is better" que tanto os EUA propagou. Não é luxo que deixa as pessoas felizes, mas coisas simples como ter amigos, família e companheirismo. Em suas palestras ela sempre faz um exercício com suas plateias e pede que relatem em que momento da vida foram mais felizes. "A resposta é sempre relacionada a momentos amorosos, como nascimentos dos filhos ou casamento. Jamais alguém respondeu que o dia mais feliz foi aquele que comprou um tênis caríssimo."
Essa questão é tão importante para o desenvolvimento de uma país que uma equipe de especialistas internacionais, através de pesquisas, científicas inclusive, concluiu que os fatores que contribuem para a felicidade humana são os mesmos através de diversas culturas. Algumas culturas podem colocar mais ou menos ênfase em diferentes indicadores, mas eles são universalmente comuns.

Você pode estar se perguntando, porque afinal, grandes nações, como França, EUA, Canadá, Tailândia, e agora, o Brasil, estão se preocupando tanto com a "felicidade" das pessoas. O FIB é muito mais que um mero indicador, o FIB é um catalizador de mudança, um processo de mobilização em prol do bem-estar coletivo e do desenvolvimento sócio-sustentável.
O FIB é vitalmente importante para o nosso país no atual momento que está se tornando uma potência mundial, então qual o caminho que o Brasil e o mundo deve seguir? Seria o traçado pelos EUA onde o PIB aumentou três vezes desde 1950, mas a felicidade das pessoas declinou quando acordaram da ilusão do "sonho americano", do "more is better"? Onde uma em quatro pessoas é infeliz ou deprimida? Onde durante esse mesmo período quando o PIB triplicou, o número de divórcios duplicou, o de suicídios triplicou, o de crimes quadriplicou?
Os americanos aumentaram sua riqueza dramaticamente, mas no processo perderam algo muito mais precioso - seu sentido de comunidade.
Será que queremos ser uma superpotência como os EUA?? (nãoooo!!) Ou será que o Brasil deveria optar por um caminho de desenvolvimento holístico e integrado como esse que o FIB apresenta, e mostrar um novo modelo para o mundo?

Alguns podem estar achando esse papo de "desenvolvimento holístico" meio "zen" demais, mas para os mais ambiciosos e materialistas esse "papo de felicidade" traz muito mais possibilidades de crescimento econômico, pois afinal, se não trouxesse, essas grandes nações não estariam tão preocupadas com isso.
Dinheiro não traz felicidade, mas a felicidade pode trazer mais dinheiro, pois pessoas felizes, produzem mais, se produzem mais, logo as empresas lucram com isso.
Prova disso é o interesse que algumas empresas privadas já estão implantando os conceitos do FIB como um novo paradigma de gestão empresarial, pois foi provado através de pesquisas que empresas com funcionários felizes têm maior valorização de suas ações na bolsa de valores. Pois é, felicidade traz dinheiro... sejamos felizes, INTERNAMENTE E BRUTAMENTE, antes de mais nada, então!
Pensem nisso e... BE HAPPY!



De vez em quando é bom filosofar... ;-)

Fontes:
Susan Andrews, psicóloga e antropóloga, Palestra na I Conferência Internacional do FIB, São Paulo 2008
Dasho Karma Ura, Mestre em Política, Filosofia e Economia, e vice-presidente do Conselho Nacional do Butão, Felicidade Interna Bruta.
Micheline Alves, Felicidade é Riqueza
site: http://www.felicidadeinternabruta.org.br

Um comentário:

Alê Pinheiro disse...

Ta tudo muito legal Dai!!!! Parabens!!!

Bora divulgar pra todo mundo!!! ;-)